quarta-feira, 10 de abril de 2013

Novas tecnologias de Agricultura de Precisão para o preparo de solo.

Fábio Kagami, Gabriel Costa, Heber Souza, Paulo Thame.


Na agricultura brasileira o sistema de preparo de solo predominante ainda é o convencional, ou seja, utiliza-se uma amostra representativa da fertilidade do solo que gera uma recomendação constante para toda a área.


Porém, como o solo é variável por natureza em seus atributos químicos, a aplicação de fertilizantes e corretivos em taxa fixa não leva em conta essa variabilidade, ocasionando, desta forma, uma subestimativa e superestimativa da dose adequada para determinado local do terreno. Sendo assim, deve-se implantar um sistema de agricultura de precisão, onde será possível considerar essa variabilidade espacial dos atributos físico-químicos do solo e realizar a aplicação de insumos a taxa variável. 
Esse sistema de AP começa com o mapeamento das áreas através da elaboração do contorno das áreas com um aparelho GPS. Com os dados do contorno em mãos pode-se criar um grid (malha com células imaginárias) das áreas com a ajuda de softwares de sistemas de informação geográfica (SIG), como por exemplo o ArcGIS, Quantum GIS, Falker ou SSToolbox. Ainda com esses softwares pode-se definir um ponto de amostra (composta) dentro de cada célula, podendo ser posicionado onde melhor representar a célula. Esse ponto é importante que seja de amostra composta porque deve haver de 3 a 12 subamostras para que se consiga eliminar ou diminuir a interferência de ocorrências locais, naturais ou não, tais como formigueiros ou acúmulo acidental de adubo. Essas subamostras devem ser juntadas e homogeneizadas corretamente para formar a amostra composta.


Figura 1 – Mapas com contorno, grid, pontos de coleta e caminhos de coleta das subamostras

Esta figura mostra o contorno na cor preta, o grid em amarelo, o ponto de amostra composta em verde e o caminho de coleta das subamostras em vermelho.
Para realizar a coleta de amostras de solo é necessário utilizar um aparelho GPS para localizar o ponto de amostra informado pelo mapa criado. Como será necessário realizar um alto número de coletas, existe a possibilidade de aumentar o rendimento através da mecanização ou automatização da coleta, que consiste em utilizar aparelhos de coleta mecanizados ou automáticos que podem ser instalados em veículos (caminhonetes) ou quadriciclos.

Figura 2 – Amostrador de solo SoloDrill

As amostras compostas devem ser acomodadas em sacos próprios para análise e devidamente identificadas com o talhão e o número da amostra. E, finalmente, as amostras devem ser enviadas a um laboratório de confiança para que o resultado represente a realidade da área.
Deve-se escolher atentamente os itens que serão analisados pelo laboratório, uma vez que quanto mais itens analisados, maior o custo de análise. Dessa forma, pode-se analisar também os micronutrientes e a distribuição granulométrica ou textura do solo, já que têm correlação com relações de trocas, disponibilidade de nutrientes, capacidade de armazenamento de água, tendência a compactação, dentre outros.
Para montar o mapa deve-se utilizar a geoestatística, a qual diz que os valores de uma propriedade do solo estão de alguma forma correlacionados à sua distribuição espacial, ou seja, observações próximas possuem maior semelhança do que observações distantes. Nesse pensamento pode-se utilizar algum método de interpolação dos dados, que nada mais é do que estimar os valores de uma propriedade do solo em um local onde não houve amostragem. Esse serviço pode ser feito utilizando um software de SIG.
Após as correlações e interpretações dos mapas, deve-se calcular e definir as doses de fertilizantes e corretivos que serão aplicados à taxa variada na área.

Figura 3 – Exemplo de um plano de amostragem georreferenciada (de pontos) de solo para a geração do mapa de V (%) e da recomendação de aplicação de calcário, variando ao longo da lavoura

O sistema de agricultura de precisão não acaba aqui! O próximo passo agora é a determinação de zonas homogêneas de manejo, ou seja, áreas do terreno de igual produção potencial, eficiência do uso de insumos e risco de impacto ambiental. Isso é válido devido ao alto custo das análises de solo feitas em laboratório.
Para direcionar as amostragens de solo e delinear as zonas de manejo pode-se utilizar, por exemplo, mapas de colheita, mapas de condutividade elétrica do solo, mapas de classificação de solos e imagens do solo e de plantas.

Figura 4 – Exemplos de foto aérea de solo descoberto (a), mapa de condutividade elétrica do solo (b) e mapa de zonas homogêneas de manejo (c)

Figura 5 – Índice de Vegetação Verde Normalizado à partir de imagens do satélite CBERS (a), mapa de produtividade da colhedora Massey Ferguson (b) e mapa de zonas de manejo (c)

Dessa forma, as amostragens são dispostas de acordo com as zonas e, consequentemente, haverá uma grande redução no número de amostras, reduzindo assim também o custo para obtê-las e chegando cada vez mais perto da representatividade real da área.

Apresentação

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