Fábio Kagami, Gabriel Costa, Heber Souza, Paulo Thame.
Na agricultura brasileira o sistema de preparo de solo predominante ainda é o convencional, ou seja, utiliza-se uma amostra representativa da fertilidade do solo que gera uma recomendação constante para toda a área.
Porém, como o solo é variável por natureza em seus atributos químicos, a aplicação de fertilizantes e corretivos em taxa fixa não leva em conta essa variabilidade, ocasionando, desta forma, uma subestimativa e superestimativa da dose adequada para determinado local do terreno. Sendo assim, deve-se implantar um sistema de agricultura de precisão, onde será possível considerar essa variabilidade espacial dos atributos físico-químicos do solo e realizar a aplicação de insumos a taxa variável.
Esse sistema de AP começa com o mapeamento das áreas através da elaboração do contorno das áreas com um aparelho GPS. Com os dados do contorno em mãos pode-se criar um grid (malha com células imaginárias) das áreas com a ajuda de softwares de sistemas de informação geográfica (SIG), como por exemplo o ArcGIS, Quantum GIS, Falker ou SSToolbox. Ainda com esses softwares pode-se definir um ponto de amostra (composta) dentro de cada célula, podendo ser posicionado onde melhor representar a célula. Esse ponto é importante que seja de amostra composta porque deve haver de 3 a 12 subamostras para que se consiga eliminar ou diminuir a interferência de ocorrências locais, naturais ou não, tais como formigueiros ou acúmulo acidental de adubo. Essas subamostras devem ser juntadas e homogeneizadas corretamente para formar a amostra composta.
Figura
1 – Mapas com contorno, grid, pontos de coleta e caminhos de coleta das subamostras
Esta figura mostra o contorno na cor
preta, o grid em amarelo, o ponto de amostra composta em verde e o caminho de
coleta das subamostras em vermelho.
Para realizar a coleta de amostras de
solo é necessário utilizar um aparelho GPS para localizar o ponto de amostra
informado pelo mapa criado. Como será necessário realizar um alto número de
coletas, existe a possibilidade de aumentar o rendimento através da mecanização
ou automatização da coleta, que consiste em utilizar aparelhos de coleta
mecanizados ou automáticos que podem ser instalados em veículos (caminhonetes)
ou quadriciclos.
Figura
2 – Amostrador de solo SoloDrill
As amostras compostas devem ser
acomodadas em sacos próprios para análise e devidamente identificadas com o
talhão e o número da amostra. E, finalmente, as amostras devem ser enviadas a
um laboratório de confiança para que o resultado represente a realidade da
área.
Deve-se escolher atentamente os itens
que serão analisados pelo laboratório, uma vez que quanto mais itens
analisados, maior o custo de análise. Dessa forma, pode-se analisar também os
micronutrientes e a distribuição granulométrica ou textura do solo, já que têm
correlação com relações de trocas, disponibilidade de nutrientes, capacidade de
armazenamento de água, tendência a compactação, dentre outros.
Para montar o mapa deve-se utilizar a
geoestatística, a qual diz que os valores de uma propriedade do solo estão de
alguma forma correlacionados à sua distribuição espacial, ou seja, observações
próximas possuem maior semelhança do que observações distantes. Nesse
pensamento pode-se utilizar algum método de interpolação dos dados, que nada
mais é do que estimar os valores de uma propriedade do solo em um local onde
não houve amostragem. Esse serviço pode ser feito utilizando um software de SIG.
Após as correlações e interpretações
dos mapas, deve-se calcular e definir as doses de fertilizantes e corretivos
que serão aplicados à taxa variada na área.
Figura 3 – Exemplo de um plano de amostragem georreferenciada (de
pontos) de solo para a geração do mapa de V (%) e da recomendação de aplicação
de calcário, variando ao longo da lavoura
O sistema de agricultura de precisão não acaba aqui! O
próximo passo agora é a determinação de zonas homogêneas de manejo, ou seja,
áreas do terreno de igual produção potencial, eficiência do uso de insumos e
risco de impacto ambiental. Isso é válido devido ao alto custo das análises de
solo feitas em laboratório.
Para direcionar as amostragens de solo e delinear as zonas de
manejo pode-se utilizar, por exemplo, mapas de colheita, mapas de condutividade
elétrica do solo, mapas de classificação de solos e imagens do solo e de
plantas.
Figura 4 – Exemplos de foto aérea de
solo descoberto (a), mapa de condutividade elétrica do solo (b) e mapa de zonas
homogêneas de manejo (c)
Figura 5 – Índice de Vegetação Verde
Normalizado à partir de imagens do satélite CBERS (a), mapa de produtividade da
colhedora Massey Ferguson (b) e mapa de zonas de manejo (c)
Dessa forma, as amostragens são dispostas de acordo
com as zonas e, consequentemente, haverá uma grande redução no número de amostras,
reduzindo assim também o custo para obtê-las e chegando cada vez mais perto da
representatividade real da área.
Apresentação
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