Fábio Kagami, Gabriel Costa, Heber Souza, Paulo Thame.
Uma das premissas da Agricultura de Precisão (AP) é entender e analisar a propriedade e cada parte dos talhões de maneira peculiar e não mais através de médias, ou seja, o conhecimento de cada metro quadrado leva ao gerenciamento local das necessidades.
Desse modo, a evolução das tecnologias em geoprocessamento (informática, posicionamento global, entre outras) vem contribuindo na agricultura de precisão para alcançar esse objetivo. Não diferente disto, a análise de dados e elaboração de recomendação no contexto da AP utiliza dessas ferramentas para tomada de decisão na lavoura.
É fato que, na agricultura convencional, as recomendações para aplicação de insumos são feitas pela média do talhão, desconsiderando a variabilidade local. Nesse caso, o emprego de programas computacionais, como os de SIG, muitas vezes podem ser dispensados, devido a simplicidade do sistema, o que não ocorre nas elaborações de recomendações feitas em AP.
Então como obter as informações para elaboração de recomendações em AP? E como elas estão sendo feitas? A forma menos dispendiosa de tempo e possivelmente de custo, hoje, é o sensoriamento remoto. O sensoriamento remoto e a interpretação de imagens são técnicas que podem auxiliar na identificação dos fatores que afetam a variação da produtividade em áreas distintas do campo. Estes fatores podem ser infestações de pragas que atacam a plantação; de ervas daninhas que concorrem com a planta; deficiência de nitrogênio que impede o desenvolvimento adequado da cultura, etc..
O acompanhamento do desenvolvimento da cultura em tempo real e a correção de deficiências no instante em que o diagnóstico é feito é uma das atividades mais importantes na Agricultura de Precisão. A autonomia com que as informações são obtidas através do sensoriamento remoto, nesse caso, entende-se como sendo imagens obtidas por satélite que permite um ganho de escala e facilidade na apuração dos dados. Um exemplo, é a aplicação de fertilizantes nitrogenados em taxa variável com base na refletância das plantas em determinados comprimentos de ondas.
Essa é uma área que tem recebido muito empenho por parte da pesquisa e da indústria de sensores óticos ativos para uso terrestre. Tais sensores são instalados de maneira que fiquem o mais próximo possível das plantas para a leitura, interpretação e recomendação. Uma das vantagens desse sistema é a recomendação feita automaticamente e em tempo real pelo algoritmo dos programas que estão nos equipamentos, dispensando uma pré análise dos dados fornecidos pelo sensor.
Figura 1 - Sensor para aplicação de Nitrogênio em tempo real.
Portanto, a essência do sensoriamento remoto está na resposta que a planta dá através de sua refletância. Porém, o sensoriamento remoto não pode solucionar todos os fatores críticos, no geral, os atributos de solo não possuem sensores remotos disponíveis, sendo necessário a análise por amostragem convencional de solo. Sendo assim, por outro lado, a recomendação em AP, para os atributos do solo, ainda é feito de forma a ter uma pré análise, ou seja, não em tempo real, onde o profissional de AP, deve ter conhecimentos agronômicos para definir essas recomendações.
O que auxiliará os profissionais e produtores rurais softwares desenvolvidos para tais fins e que conta com funções de processamento de imagens, análise espacial, modelagem numérica de terreno e consulta a bancos de dados especiais, com o objetivo de construir um Sistema de Informações Geográficas (SIG) para aplicações. De forma simplificada e resumida um programa de SIG é capaz de gerar grades amostrais para coleta de dados e gerar os mapas de aplicação, passado pela extrapolação dos dados através das interpolações e formulas de recomendação disponibilizadas pelos agrônomos que são inseridas nesses softwares. A vantagem dessa recomendação é que o profissional responsável tem pleno controle da recomendação, porém, carece de tempo para executá-lo, pois, necessita de todo esse procedimento para fazer a recomendação (o que não acontece no sensoriamento remoto).
Figura 2 - Exemplo de uma amostragem georreferenciada de solo.
Não tão menos importante os mapas de produtividade mostram a variabilidade das lavouras, levando-se em consideração a produtividade da cultura anterior para se fazer a reposição dos nutrientes extraídos. Isso significa que não basta a amostragem georreferenciada do solo, que somente considera os teores de nutrientes disponíveis, trata-se de uma estratégia que demanda tempo para a construção de um consistente conjunto de dados, mas a solução é proporcionalmente mais acertada por considerar também a variabilidade da produtividade da lavoura e não apenas aquela do conteúdo de nutrientes no solo. O desafio que a AP confronta com relação as recomendações está relacionado nas características de obtenção das informações da variabilidade espacial e técnicas de análise de dados.
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